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Martin Scorsese volta a criticar filmes de super-heróis, faz apelo para "salvar o cinema"

Tiago Silva, 26 de setembro de 2023 06:29

O premiado cineasta, Martin Scorsese, está a apelar para "salvar o cinema".

Recentemente, o lendário realizador sentou-se com a GQ para discutir a sua carreira e como a indústria evoluiu desde que o seu primeiro filme Who's That Knocking at My Door estreou nos cinemas em 1967. Durante a entrevista, foi questionado sobre os blockbusters (grandes filmes) de Hollywood que são lançados nos dias de hoje e mais uma vez criticou a sobrecarga de filmes de franquias e super-heróis em que todos os estúdios parecem depender, fazendo um apelo para apostar-se em mais filmes originais.

Esta não é exatamente uma nova posição para Scorsese. Ele faz parte de um grupo de realizadores "old school" que não veem filmes como os da Marvel como cinema. Anteriormente, o renomeado cineasta chegou a chamar a essas produções como "parques temáticos" numa entrevista em 2019, embora tenha admitido posteriormente que tais projetos simplesmente não são do seu gosto. No entanto, à medida que os filmes da Marvel demonstraram ser um gigante sucesso nas bilheteiras e os estúdios mostraram uma crescente dependência em produzir reboots e sequelas, Scorsese torna-se apenas mais assustado com o futuro de Hollywood.

"O perigo aqui é o que isso está a fazer à nossa cultura. Porque vão existir gerações agora que pensam que filmes são apenas isso - é isso que os filmes são.", disse o realizador. Quando questionado se as mentalidades já estão a mudar devido à sobrecarga de super-heróis e franquias, ele afirmou:

"Já pensam assim. O que significa que temos de lutar ainda mais. E isso tem de vir da base. Tem de vir dos próprios realizadores. E terás, sabes, os irmãos Safdie, e terás o Christopher Nolan, percebes o que quero dizer? E atacá-los de todos os lados. Atacá-los de todos os lados, e não desistir. Vamos ver o que tens. Sai lá e faz isso. Vai reinventar. Não te queixes disso. Mas é verdade, porque temos de salvar o cinema. Eu acho que o conteúdo fabricado não é realmente cinema.", contou.

Scorsese foi tão longe ao ponto de comparar filmes de franquia a trabalhos gerados por inteligência artificial (IA), mesmo que não queira descredibilizar o trabalho das pessoas a bordo desses projetos:

"Não, não quero dizer isso. Mas o que quero dizer é que é conteúdo fabricado. É quase como se a IA estivesse a fazer um filme. E isso não significa que não tenhas realizadores incríveis e pessoas de efeitos especiais a a criar belas obras de arte. Mas o que significa? O que é que estes filmes te vão dar? Para além de uma espécie de consumo de algo que depois vais eliminá-lo da tua mente, sabes? Então, o que é que te está a dar?", concluiu.

O próximo filme de Scorsese será Assassinos da Lua das Flores, uma adaptação do livro de David Grann com o mesmo nome que é descrito como um épico thriller de crime no estilo ocidental situado na década de 1920, seguindo uma investigação sobre uma série de assassinatos de membros da tribo Osage em Oklahoma. Leonardo DiCaprio, Robert De Niro e Lily Gladstone protagonizam o projeto. A estreia está marcada para 19 de outubro nos cinemas.