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Poderá a Apple comprar a Disney? Analistas da indústria dizem que sim

Tiago Silva, 10 de agosto de 2023 06:30

Há umas semanas foi revelado que Bob Iger, o presidente da Disney, estava a considerar colocar à venda os ativos da casa do Mickey - ler mais. Esta é uma possibilidade que há muito tempo é considerada por analistas da indústria, mas que nunca pareceu provável de acontecer. Até agora...

Novas reportagens afirmam que a maior empresa de tecnologia do mundo - a Apple - poderá juntar-se à segunda maior empresa de entretenimento do mundo - a Disney. A ideia sempre pareceu ser um tiro no escuro, mesmo depois da Disney ter conseguido comprar os ativos de entretenimento da 20th Century Fox em 2019. No entanto, parece que há novas especulações de que uma fusão possa vir a acontecer.

O The Hollywood Reporter avançou ontem com um extenso artigo que indica a ideia de tração entre uma fusão tão gigantesca, com a Apple, avaliada em 2,8 triliões de dólares, a absorver a Disney, avaliada em 158 mil milhões de dólares.

Um informante sugeriu que, embora a Apple possa não estar interessada em comprar a Disney como ela é atualmente, poderá estar interessada em comprar uma Disney mais "magra" que venda certos ativos. Iger indicou recentemente que alguns dos canais de televisão da Disney podem não ser necessários manter, uma vez que estão a focar mais os seus esforços nas ofertas diretas ao consumidor (com os canais ABC e Freeform a serem mencionados como algumas das várias estações a serem vendidas por potencialmente dezenas de milhares de milhões de dólares).

Na altura, o executivo também questionou a possibilidade de manter algo como o serviço de streaming Hulu, que há muito se espera que seja incorporado no Disney Plus. Mas para isto acontecer, a Disney teria de comprar as restantes ações do Hulu (o que aumentaria a dívida da Disney numa altura em que estão a tentar reduzir os gastos). Sobre a questão do streaming, tanto a Apple como a Disney têm serviços próprios - a Disney tem uma audiência substancialmente maior, mas a plataforma da Apple tem originais de maior prestígio. A fusão ajudaria a consolidar o número de serviços de streaming no mercado (algo que parece inevitável com a bolha de streaming a rebentar e todas as empresas a procurar formas de reduzir gastos excessivos), forneceria ao Disney+ originais imperdíveis e daria ao programa original da Apple um público muito maior.

Naturalmente, existem céticos em relação a esta ideia. A Apple nunca fez uma aquisição tão importante antes, e tal fusão envolveria enormes obstáculos regulatórios para navegar e superar. A empresa da maçã teria de se adaptar a um conjunto completamente diferente de modelos de negócio, como estações de televisão e parques temáticos, que podem não interessar aos seus acionistas. Além disso, se a Apple decidir que quer adquirir uma companhia de entretenimento, poderá preferir concentrar-se num estúdio comparativamente mais pequeno, como a Lionsgate ou a Paramount.

E do lado da Disney, existem questões sobre se Iger quer que o seu legado seja "O Homem que Vendeu o (Mundo Disney)" depois de ter construído a sua reputação como o homem que levou a Disney a novas alturas com grandes aquisições (como é o exemplo da Marvel, Lucasfilm e Pixar). O contrato de Bob Iger dura até ao final de 2026, o que significa que ele teria tempo suficiente para supervisionar uma venda caso esta seja algo mais do que uma mera ideia de Wall Street, mas é potencialmente mais provável que a administração da Disney o tenha contratado para corrigir a empresa em vez de a preparar para uma venda. E mesmo que a empresa seja vendida, terá ainda de navegar por um ambiente regulatório difícil, em condições menos favoráveis do que aquelas que permitiram à Disney adquirir a maior parte dos estúdios da Fox - embora seja também possível que, devido à menor sobreposição entre os ativos da Apple e da Disney, esta possa evitar problemas suficientes com a venda de ativos.