A minissérie da Netflix, "Terra Indomável" chegou ao fim, deixando muitos espetadores revoltados com o destino trágico de Isaac Reed, interpretado por Taylor Kitsch. No papel de um clássico herói do Velho Oeste, Isaac conquistou a empatia do público ao longo dos seis episódios. Mas a sua morte no episódio final, ao defender Sara Holloway (Betty Gilpin) e o seu filho, Devin (Preston Mota), gerou uma onda de emoção e frustração. Para Kitsch, no entanto, essa reação é um sinal de que o seu trabalho foi bem feito.
"Prefiro que fiquem revoltados do que indiferentes"
Em entrevista, Taylor Kitsch revelou que recebeu vários comentários sobre o desfecho da série e que os encara como elogios. "Prefiro que fiquem verdadeiramente chateados com a minha morte do que não sintam nada. Isso significaria que eu não fiz bem o meu trabalho", afirmou o ator.
A relação de Kitsch com o realizador Peter Berg é de longa data, tendo os dois trabalhado juntos em Friday Night Lights, Lone Survivor e Painkiller. Essa colaboração permitiu a Kitsch ter mais liberdade para moldar o seu personagem. "O Pete confia muito em mim. Ele sabe que eu gosto de mergulhar a fundo nas minhas personagens", disse.
A complexidade de Isaac Reed
Isaac Reed é um personagem dividido entre dois mundos. Criado entre os Shoshone depois de ter sido vendido para a tribo, ele acaba por se tornar um guia para um grupo de viajantes no território de Utah em 1857. O seu passado trágico — a perda da esposa e do filho — molda a sua forma de ver o mundo e a sua luta interna entre o desejo de sobrevivência e o código de honra que aprendeu com os Shoshone.
Para construir o papel, Kitsch dedicou-se a uma intensa pesquisa sobre a cultura Shoshone, incluindo visitas à reserva de Wind River e consultas com especialistas da comunidade. "Eles foram incrivelmente abertos comigo, o que ajudou bastante", explicou. O ator quis garantir que a representação da cultura nativa fosse autêntica, evitando estereótipos. "Uma das primeiras coisas que me ensinaram é que cada tribo tem o seu próprio modo de falar. Esse foi um detalhe essencial para não cair em clichés", contou Kitsch.
"Atravessar para o outro lado"
Ao longo da série, vão sendo revelados detalhes do passado de Isaac e das suas crenças. Um dos aspetos mais importantes da sua construção foi o conceito de "travessia" na cultura Shoshone. "Para eles, a morte não é um fim, mas uma passagem para outro estado de existência", explicou Kitsch. O ator leu Becoming Brave: The Path to Native American Manhood e Native American Clothing: An Illustrated History para se aprofundar nas tradições do povo Shoshone. "A cena em que digo 'Eles não estão mortos, atravessaram' foi uma das mais significativas para mim", revelou.
Uma cena final impactante
A morte de Isaac acontece logo depois de um momento ternurento entre ele e Sara, no qual os dois se beijam. A cena final, em que Isaac, gravemente ferido, se despede silenciosamente, foi inspirada na forma como os lobos se afastam da matilha para morrer sozinhos. "O Pete escreveu-me uma nota dizendo que Isaac é como um animal selvagem que aceita o seu destino. Mas, ao mesmo tempo, ele está ali a questionar-se: 'Fiz o suficiente para me juntar à minha família do outro lado?"', contou Kitsch.
O ator reconhece que o final não é feliz, mas defende que é realista para a época retratada. "Em 1857, a vida era pura sobrevivência. O final faz sentido dentro desse contexto. Não havia muitas histórias felizes", afirmou.
A repercussão entre os espetadores
A decisão de matar Isaac dividiu a audiência. Muitos sentiram que o personagem merecia uma segunda oportunidade, especialmente depois de todo o sofrimento que enfrentou. Outros elogiaram a coragem da série em manter um tom autêntico e brutal.
Seja como for, "Terra Indomável" da Netflix conseguiu criar um impacto emocional profundo. E, para Taylor Kitsch, isso é o mais importante. "Se consegui fazer com que as pessoas sentissem algo, então valeu a pena", concluiu.
Fonte: Vulture
