Para muitas pessoas, os documentários são apenas mais um formato de entretenimento. No entanto, deviam ser vistos com a intenção de aprender ou refletir sobre um tópico. Com o surgimento de riscos que as novas tecnologias acarretam, assistir a documentários sobre cibersegurança é uma boa forma de estar informado e também de se entreter.
Childhood 2.0
Childhood 2.0 é um documentário que explora o impacto da tecnologia, dos smartphones e das redes sociais, além de averiguar como mudou bastante, para pior, como vivem atualmente as crianças e os adolescentes. Além disso, dá a conhecer a opinião de investigadores, médicos, especialistas e professores sobre os problemas e desafios que esta nova era tecnológica tem causado nos jovens.
O documentário expõe uma certa preocupação com o aumento do comportamento de cyberbullying (agressões na internet). De acordo com uma pesquisa publicada no blog da ExpressVPN sobre perigos de crianças na internet, a qual analisa os perigos mais comuns que colocam em risco os miúdos, o cyberbullying surge como um grave problema na sociedade moderna. O tempo médio que as crianças passam nas redes sociais é de aproximadamente 28 minutos por dia. É possível entender a relação entre os perigos das crianças face à perceção dos mesmos problemas pelos adultos, relatando como são diferentes.
The Great Hack (2019)
Este documentário é sobre a ascensão e queda da Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política sediada em Londres que trabalhou para a campanha de Trump. Esta empresa recolheu e utilizou os dados pessoais de quase 50 milhões de utilizadores do Facebook sem o seu consentimento.
A firma é especializada em perfis psicográficos, que basicamente é uma metodologia qualitativa de estudo dos utilizadores baseada em características psicológicas. Com essa análise é possível avaliar o comportamento dos eleitores através de publicidade direcionada.
Este escândalo deu origem a uma série de questões sobre as implicações da influência do marketing. Por outro lado, suscitou preocupações sobre a privacidade e segurança dos dados do Facebook devido ao facto de os dados terem sido utilizados indevidamente.
Risk (2016)
Risk é um documentário de Laura Poitras sobre a vigilância do Estado. O documentário foi realizado com um nível de acesso sem precedentes a Julian Assange, co-fundador do Wikileaks.
O Wikileaks foi criado em 2006 para adquirir e divulgar ficheiros confidenciais e conjuntos de dados de fontes anónimas e de fugas de informação. Uma das maiores fugas de informação do Wikileaks foi o lançamento de centenas de milhares de documentos militares dos EUA.
A realizadora Laura Poitras começou a filmar Julian Assange a partir do ano 2011, depois de alguns dos lançamentos mais escandalosos do Wikileaks. O filme foi rodado durante seis anos, e cobre os acontecimentos durante o período em que Assange esteve em prisão domiciliária em Inglaterra entre os anos de 2010 e 2012.
Terms and Conditions May Apply (2013)
Este documentário aborda a questão da utilização e venda de informações de utilizadores por terceiros em sites de internet, como o Google e o Facebook. O filme é realizado por Cullen Hoback, um cineasta de investigação premiado.
O protagonista investiga o que os governos e as empresas estão a fazer com os seus dados pessoais. O decorrer dos eventos vai despertar muitas das preocupações de privacidade atuais nas redes sociais.
É importante saber que não são apenas as grandes empresas que vendem informações para interesses comerciais. Até aplicações de saúde mental vendem os dados dos utilizadores com o objetivo de facilitar esta informação a terceiros, onde os utilizadores vão provavelmente estar interessados ou precisar dos serviços e produtos apresentados.
"Se lesse tudo aquilo com que concordou, levaria um mês inteiro de trabalho por ano. São 180 horas que precisaria de passar todos os anos", disse Cullen Hoback.
Estes documentários, apesar de fornecerem entretenimento, são fulcrais para o conhecimento dos perigos que as novas tecnologias trazem. Numa altura em que a exposição à internet é generalizada por todas as gerações, há que estar atento especialmente às mais vulneráveis. Assim, quem assistir a estes documentários vai estar muito mais consciente e irá também reconhecer os riscos da internet.
