O sucesso britânico Triângulo da Tristeza está a dar o que falar, mas não pelo filme em si, e sim pelo alerta feito pelo seu produtor, Mike Goodridge, sobre a saúde da indústria cinematográfica independente do Reino Unido.
Apesar do Reino Unido estar a viver um período de crescimento na área cinematográfica graças à mão de obra qualificada e incentivos fiscais, Goodridge afirma que a indústria independente está "essencialmente de joelhos".
O produtor aponta um paradoxo: enquanto atores, equipes técnicas e artesãos britânicos estão a ser requisitados pelas grandes produtoras americanas, o que beneficia a economia local e a formação de novos talentos, essas mesmas produtoras acabam dificultando a sobrevivência do cinema independente ao inflacionar os preços dos profissionais do setor.
"É ótimo para os profissionais, mas o setor independente está a começar a não poder pagar por eles. Os preços estão a ser inflacionados pelas empresas americanas", explica Goodridge, citando conversas diárias com a sua equipa sobre a possibilidade de filmar em outros países com incentivos fiscais mais vantajosos.
"Não é isso que queremos. Somos uma nação de contadores de histórias que acabam indo para Hollywood ou lutando para fazer os nossos filmes através do sistema independente", lamenta.
É importante ressaltar que, apesar do alerta, o cenário não é totalmente negativo. Filmes como Barbie e Oppenheimer estão a ser filmados no Reino Unido, gerando investimentos e novas oportunidades. O problema, segundo Goodridge, é que esses benefícios não estão a chegar até o cinema independente britânico, deixando em risco a diversidade e a originalidade das produções do país.
A situação levanta questões sobre o equilíbrio entre o crescimento económico gerado pelas grandes produções estrangeiras e a preservação da identidade cultural e cinematográfica do Reino Unido. Como conciliar esses interesses para garantir um futuro saudável para toda a indústria do cinema britânico?